Páginas

sábado, 28 de julho de 2012

Egoismo Meu


Vai passar.
O gosto amargo que ficou no canto esquerdo da boca.
Passará.
E esse aperto áspero e cheio de mágoa que você deixou, também. O amor há de vir novamente repousar em meu coração farto. E novamente, praias e seus dias ensolarados de carinho. Eu hei de ter fé. Engraçado é que no final de tudo o que me resta é o reprimido choro no fundo da garganta. A inconsolável carência e essa irracional vontade de apagar nos meus dias insanos e sem controle qualquer resquício do que podíamos ter sido, ou daquilo que quis que fôssemos. O que me dói mais são as músicas e os doces desejos que depositei em sua figura incerta e confusa. Esse reflexo impreciso de finalmente conseguir me entregar a braços alheios por vontade. A paz que eu senti no seu abraço me amargura nesses dias extremamente vazios. Eu estou tentando fazer as pazes comigo. E confesso, o esforço tem sido imenso. Ainda mais nesses últimos dois dias que me feri fingindo ser você. Como fui tolo e ridículo. E nenhum dos beijos, roucos e sedentos,  me trouxeram a vingança. Páre. CHEGA!
É, não sei brincar dessa coisa de desamor. Eu gosto mesmo é de me apaixonar. E sonho com um amor puro regado à Tom Jobim. Duas taças de vinho e uma escova de dentes repleta de lembranças. Ah, um dia tudo isso vai fazer sentido. Só sei que passará. E as cicatrizes do último porre também. Não, desilusão nenhuma tem o direito de tirar de mim essa minha vontade de ser eternamente feliz.
Passará.
Agora eu só quero te perdoar. Me perdoar. Limpar do meu ego ferido o seu nome. Dos meus olhos o seu sorriso. Da minha cama o seu cheiro.
Esquecer é de fato a solução?
Quero a plenitude de estar livre. Sem gosto de adeus. Quero te fixar em paredes poéticas e intocáveis.
Depositar em palavras meu sentimento que não foi e hoje já não é.
Passará. E da próxima vez eu não quero vir contar tristeza,  angústia,  remorso. O pior mesmo é remoer em mim que eu aquela noite só queria que você estivesse ali. Mas eu fumei numa tragada só a sua ausência. E bebi a falta que fazia o teu amor. Por fim, apaguei da memória que te quis. E em beijos sem amor depositei o hálito que restou de nós.
Acordei deitado na diagonal. Os olhos inchados, a boca seca. Ninguém ao lado. Fui tratar da ressaca quando na verdade eu só queria uma companhia pro café. Mas o tomei sozinho, ainda quente.
O alívio vem, repito três vezes como se fosse mantra. Passará, passará, passará.
Eu também vou me curar de você.

#Texto extraído de um Blog.


Nenhum comentário:

Postar um comentário